MINHA PELE
Minha pele é minha pauta
Onde inscrevo os meus poemas
Onde encravo as horas nuas
Onde a dor faz seu rascunho
Minha pele é minha fala
Que inventa dialetos
Que dispensa tradução
Mas entende a sua língua
Minha pele é minha farsa
Sob a qual está imerso
Estacado, quase inerte
Meu desejo de ser sangue
Minha pele é tantas rugas
Quantas foram as batalhas
Cada uma diz um pouco
(E esconde um tanto mais)
Minha pele é coisa densa
Incrustada com pecados
Com saudades, impurezas
Com pedaços de pessoas
Minha pele é pêlo e medo
De ser pele junto a outra
De ser pega de surpresa
Pelo frio, pelo beijo
Minha pele é pelo avesso
Pela noite não dormida
Pelo simples movimento
De teu corpo em despedida
Minha pele é toda ouvidos
E aroma e atrito
E amargo e vermelho
E promessa de alívio
Minha pele é tudo em volta
Do que penso, do que faço
É o mundo em poucas linhas
É o tempo condensado
Minha pele é meio sua:
É seus olhos quando vagos
É sua boca quando muda
É sua casa enquanto nua
terça-feira, 23 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
RIZOMA
Quero a maior distância entre dois pontos;
Desligar as minhas partes;
Desfazer-me em meus passos;
Derramar-me em outros cantos;
Alcançar-me em outras pontas;
Amputar-me as coisas mortas –
Um abraço, um apreço, tantos anos
Desviar de tudo meu;
Despegar de todo eu;
Desdobrar-me em sentidos;
Ecoar por entre as frestas –
Reverbero do vazio;
Ser a tinta ainda úmida,
não a seca no poema,
nem a presa na caneta;
Conjugar-me no infinito;
Escrever na terceira margem;
(Ecoar por entre as frestas
Transformar-me em gravidade que não sabe a direção;
Tomar em cada rosa um aroma emprestado;
Deixar em cada espinho um pedaço de epiderme;
Esquecer-me do que sou, do que fui, do que
(Ecoar
Confundir-me com o tempo;
Compreender que não há mapa,
mas pedaços do possível;
E por fim não me caber numa folha de papel
Quero a maior distância entre dois pontos;
Desligar as minhas partes;
Desfazer-me em meus passos;
Derramar-me em outros cantos;
Alcançar-me em outras pontas;
Amputar-me as coisas mortas –
Um abraço, um apreço, tantos anos
Desviar de tudo meu;
Despegar de todo eu;
Desdobrar-me em sentidos;
Ecoar por entre as frestas –
Reverbero do vazio;
Ser a tinta ainda úmida,
não a seca no poema,
nem a presa na caneta;
Conjugar-me no infinito;
Escrever na terceira margem;
(Ecoar por entre as frestas
Transformar-me em gravidade que não sabe a direção;
Tomar em cada rosa um aroma emprestado;
Deixar em cada espinho um pedaço de epiderme;
Esquecer-me do que sou, do que fui, do que
(Ecoar
Confundir-me com o tempo;
Compreender que não há mapa,
mas pedaços do possível;
E por fim não me caber numa folha de papel
domingo, 7 de março de 2010
POESIA SECRETA
Meus poemas são minhas chagas
(que as cultivo, as inflamo)
Desde sempre são as mesmas:
Todas feitas de memória;
Tão imunes a meu pranto
No pulsar intermitente
do sangrar já purulento,
eu confesso meus temores;
eu libero meus horrores –
meus horrores torno vossos.
Pois aos olhos reticentes
Toda mancha é promessa
De uma história em segredo
Mas segredos eu não conto.
Meus segredos eu secreto
Pelos poros, pelos pêlos,
Pelas frestas em meu corpo
Meus poemas são minhas chagas
(que as cultivo, as inflamo)
Desde sempre são as mesmas:
Todas feitas de memória;
Tão imunes a meu pranto
No pulsar intermitente
do sangrar já purulento,
eu confesso meus temores;
eu libero meus horrores –
meus horrores torno vossos.
Pois aos olhos reticentes
Toda mancha é promessa
De uma história em segredo
Mas segredos eu não conto.
Meus segredos eu secreto
Pelos poros, pelos pêlos,
Pelas frestas em meu corpo
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