PUPA
Estou desistindo das coisas antigas,
De todo pedaço de culpa e conforto,
Do pêlo, da pele, de tudo já morto:
Certezas, amores, poemas, cantigas.
As tantas lembranças me são inimigas.
Os anos passados me têm por aborto.
Repousam em mar de silêncio absorto,
As velhas vaidades nas nobres barrigas
Dos vermes – amantes do mundo nefando.
Ali se transforma o que foi epiderme;
Ali se esquece as dores recentes.
Também os meus dias eu vou macerando,
E enquanto a tarde se prostra inerme,
Me vou refazendo das coisas nascentes.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
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