domingo, 22 de janeiro de 2012

MEIO DA RUA
(Aos guerreiros de Pinheirinho)

No meio do rio se faz torvelinhos.
No meio da rua morreu a menina.
No seio – tão nua! – um traço de rubro;
receio de culpa, desejo de tinta.

Nas linhas da pele, um pouco de tudo:
Navalha, miséria, secura, partida;
No rosto um sorriso fingido em batom
Narrava uma história de morte bem-vinda.

Narizes à toa entorno do corpo,
Ninguém lhe soubesse o nome, a sina.
Nem susto, nem prece, nem grito de dor;
Nenhum sobreaviso por trás das retinas.

No meio suspiro do último instante,
Nenhum desapego, nenhum burburinho.
No meio do dia morreu a menina.
Agora, na rua se faz torvelinhos.