ENTRELINHAS
Cada passo é mais um traço
Nessa areia, nesse espaço
Entre mim e tantos dias
Cada gesto é indigesto,
Um pedaço de protesto
Contra os laços da inércia
Cada rosto tem seu gosto,
Traz um pouco de agosto –
Doce tempo já amargo
Cada grito em agonia
Aproxima e distancia
O silêncio e o espasmo
Cada beijo, um cadafalso,
Uma rima no encalço
Da poesia não escrita
Cada gozo em vão segredo,
Um romance sem enredo,
Nossa culpa em carne crua
Cada um em cada canto,
Com mentiras e encanto,
Nos escreve um grande texto
Minhas linhas eu iludo
Num desejo quase mudo
De morrer sem tradução
domingo, 13 de junho de 2010
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