quinta-feira, 5 de julho de 2012


PARÊNTESE

Cultivo infinitos.

Assim que me perco em tudo.

Amanheço vontades de outro ser,
de outro estar.

Vazios me grudam nas solas dos pés,
e eu levo nos bolsos um pouco do céu.

As horas me navegam enquanto
a cor faz cócegas na pele do sol.

Aprendi a chover de tanto água.

Quem sabe o rio de nossas distâncias?

(Na hora do almoço, o mundo quebrou
uma mosca na mesa. O dia parou.
Acho que foi sem o vento
das asas.)

Faz dois meses, escrevo um poema.
Ele morreu e não percebo:
revolvo as palavras agora uns cadáveres.

Eu sou palavra morta que o tempo
não consegue poetar.