terça-feira, 16 de novembro de 2010

"FUGIT IRREPARABILE TEMPUS"

O doce lamentar das horas nuas,
Pulsando entre os dedos do poeta,
Afaga-lhe a mente irrequieta,
Guiando-lhe em meio a terras cruas.

Repousam nessas terras, todas suas,
Verdade e mentira em linha reta,
Em versos cuja rima incorreta
Repousam, lado a lado, sóis e luas.

O lento murmurar de nossos anos,
(Promessa que descumpre e desacerta)
Carrega incontido tantos danos;

Fratura muito mais do que conserta,
Moendo e misturando nossos planos,
Machuca, purifica e nos liberta.

sábado, 6 de novembro de 2010

EUS

Eu tenho outros cantos fora estes bem vistosos,
Tão feitos de engano, de poeira e acaso
Tão tidos por bobagem, por saudade, por atraso -
Espelho embaçado pelos anos desgostosos.

Eu visto outros panos sob estes cá lustrosos.
Encobrem uma pele carcomida pelo ocaso,
Resquícios de um poema versejado com descaso,
Fracasso não vertido pelos olhos invejosos.

Eu temo outra gente fora esta que me acusa;
Ressinto outras chagas longe desta que me sangra;
Eu calo outros medos que a palavra não alcança.

Sou esse meio-termo entre o golpe e a escusa,
Qual praia inabitada, meio escarpa, meio angra,
Na luta sou quem foge, na paz eu sou a lança.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

CARTA ABERTA À REDE GLOBO DE PRODUÇÕES (DE UM EX-TELESPECTADOR)

Prezado(s) Senhor(es),

Dirijo-me agora a quem, nesta empresa, possa ter algum interesse nas palavras de um ex-telespectador. Durante boa parte de minha vida, a Rede Globo, mais especificamente o seu canal televisivo, esteve presente e exerceu grande influência sobre a forma de eu sentir e entender o mundo. De modo que esta carta, assim como a redijo – em tom de despedida – escrevo-a como um amigo que renega o outro, ou um filho que deserda o pai.

Minha ligação com a TV Globo começou bem cedo. Nascido em 1977, presenciei vários momentos, hoje históricos para uma geração inteira de brasileiros, através da telinha global: em inícios dos anos 80, assustei-me com as criaturas do videoclipe Thriller de Michael Jackson, lançado no Brasil pelo Fantástico – naquele tempo, o país ainda enfrentava verdadeiros “monstros” de verde-oliva que ocupavam o Planalto Central, mas, estranhamente, a sua “revista eletrônica semanal” não parecia se preocupar muito com eles...; pouco depois, comovi-me com o choro de meus pais pela morte de Tancredo Neves, mesmo sem entender o porquê de suas lágrimas – haveria Tancredo sido morto pelos lobisomens de Michael?; em 90, já na pré-adolescência, aprendi sobre sexo e desejo, inspirado nos shortinhos das paquitas, e sobre como conquistar uma menina, em romances americanos como Garota de Aluguel, clássico da Sessão da Tarde. (Não é de se espantar, pois, que eu, aos 12 anos, divertisse meus tios citando de cor toda a grade da programação global, de segunda a domingo.)

Mas não só com o mundo, também a relação com as pessoas mais próximas de mim foi marcada, em algum ponto, pelo soar do “plim-plim”. Em muitos domingos “dia dos pais”, esperei o intervalo da Temperatura Máxima – exibindo Falcão, o campeão dos campeões, filme sobre o difícil relacionamento entre pai e filho – para entregar, hesitante, o presente que comprara ao meu próprio. Também foi graças aos diálogos das novelas das seis, sete, oito, que desenvolvi várias discussões com meus irmãos e amigos, enfrentando as grandes questões da humanidade – com quem ficará a Viúva Porcina? quem matou Odete Roitman?

Então veio a faculdade. Como um filho que sai de casa, precisei me distanciar um pouco da TV. Os estudos me consumiam. Conheci os livros, a música, a arte. E conheci outras pessoas, que me falaram de outros filmes (que não os americanos – descobri que “estrangeiro” não é sinônimo de EUA), e de outros romances (que não os da Sessão da Tarde). E aos poucos eu ia percebendo um mundo novo – que para mim nascera velho – onde havia novas novelas, e novas questões – com quem ficará o Petróleo do Iraque? quem matou Zuzu Angel? E houve mesmo, digo-lhe Rede Globo, quem me criticasse por ainda ter olhos e ouvidos aos seus filmes e novelas. Inútil cada crítica, pois eu, sempre que possível, visitava-lhe a casa, fosse tomando café com Alexandre Garcia, ou almoçando com o Jornal Hoje. O que aquelas pessoas não entendiam é que, como pai e filho distanciados pela vida, eu ainda lhe nutria carinho, demonstrava algum respeito.

No dia 21 de outubro de 2010, porém, mesmo esse carinho restante morreu. Foi trucidado pelas tristes cenas exibidas (fabricadas) em seu Jornal Nacional. A patética montagem cinegráfica de uma pretensa “fita adesiva” atingindo a careca daquele que, obviamente, lhe caiu nas graças como candidato à presidência da república, mais parecia saída de uma trama novelística, ou de uma ficção típica do Supercine, ou simplesmente mais uma piada sem graça do Zorra Total. Aquele foi o desrespeito final, a gota d’água (ou bolinha de papel) para quem já se desacostumara a engolir inerte sua versão do mundo.

Hoje, portanto, despeço-me de sua grade de programação. Nunca mais o velho “plim-plim” me dirá quando ir ao banheiro, como pensar ou em quem votar. “Foram tantas emoções”, Rede Globo, assim diria Roberto, mas “você não soube me amar”, responderia Evandro. Por anos, seus editores me trataram como um ser não-pensante, um pulha, alguém destinado a ser parasita de suas idéias mirabolantes, bem espelho do Brasil que você pretendeu formatar, e que agora lhe nega audiência; um Brasil submisso, dependente, entregue à cultura estrangeira (americana) – a donzela em perigo dos filmes da Tela Quente, dependente de um Stallone ou de um Schwarzenegger que lhe viesse salvar. Aqui, digo não terminantemente à sua cultura entreguista, à sua visão derrotista de nação. Diferente do filho pródigo, não me verá de volta aos seus programas indigestos, às suas notícias inventadas. Sei que sou insignificante aos seus olhos. Mas sei também não ser o único. E isso já significa muito.

(Des)atenciosamente,

Léo Ventura

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

SONETO AO AMIGO FAGNER

Eu sou, no final, quem decido não ser.
Tão só me componho de todos os nãos,
Tal que me preencho com todos os vãos
Das coisas que o dia não veio trazer.

Sou eu, afinal, quem está por morrer
Com tantos pecados inteiros nas mãos,
Um corpo sangrado por muitos esvãos,
Um gôzo indeciso de culpa ou prazer.

Meu nome estará enrolando vitelas
(Na triste sessão dos famosos defuntos).
Então, serei tema de muitas querelas

Acerca da vida e de outros assuntos.
Mas não haverá quem em meio às velas
Me entenda melhor que os vermes adjuntos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

PUPA

Estou desistindo das coisas antigas,
De todo pedaço de culpa e conforto,
Do pêlo, da pele, de tudo já morto:
Certezas, amores, poemas, cantigas.

As tantas lembranças me são inimigas.
Os anos passados me têm por aborto.
Repousam em mar de silêncio absorto,
As velhas vaidades nas nobres barrigas

Dos vermes – amantes do mundo nefando.
Ali se transforma o que foi epiderme;
Ali se esquece as dores recentes.

Também os meus dias eu vou macerando,
E enquanto a tarde se prostra inerme,
Me vou refazendo das coisas nascentes.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

EPITÁFIO No 1

Eu quis apenas tudo
E pude ainda nada
E fui uma quase falha
Perfeita em seu vazio

Eu soube a hora exata
Do início do fastio
E fiz de toda falta
Um germe do horizonte

Eu fui reconhecido
Em cada esquina podre
Com putas e mendigos
E amores travestidos

Eu coube em quatro linhas
De imagem desbotada
Em álbum empoeirado
Guardado a zero chave

Eu não deixei saudade:
Levei a cada canto
Promessa de retorno,
Ausência anunciada

Eu vi por toda parte
Pedaços de mim mesmo
Em olhos reticentes,
Em beijos nunca dados

Eu tive o mesmo sonho
Que tem qualquer semente -
De ser suave rosa
Tocando a tua face

E mesmo não sabia:
Que ao fim de cada dia
Fui tudo que podia
E nada que importasse

domingo, 13 de junho de 2010

ENTRELINHAS

Cada passo é mais um traço
Nessa areia, nesse espaço
Entre mim e tantos dias

Cada gesto é indigesto,
Um pedaço de protesto
Contra os laços da inércia

Cada rosto tem seu gosto,
Traz um pouco de agosto –
Doce tempo já amargo

Cada grito em agonia
Aproxima e distancia
O silêncio e o espasmo

Cada beijo, um cadafalso,
Uma rima no encalço
Da poesia não escrita

Cada gozo em vão segredo,
Um romance sem enredo,
Nossa culpa em carne crua

Cada um em cada canto,
Com mentiras e encanto,
Nos escreve um grande texto

Minhas linhas eu iludo
Num desejo quase mudo
De morrer sem tradução

terça-feira, 23 de março de 2010

MINHA PELE

Minha pele é minha pauta
Onde inscrevo os meus poemas
Onde encravo as horas nuas
Onde a dor faz seu rascunho

Minha pele é minha fala
Que inventa dialetos
Que dispensa tradução
Mas entende a sua língua

Minha pele é minha farsa
Sob a qual está imerso
Estacado, quase inerte
Meu desejo de ser sangue

Minha pele é tantas rugas
Quantas foram as batalhas
Cada uma diz um pouco
(E esconde um tanto mais)

Minha pele é coisa densa
Incrustada com pecados
Com saudades, impurezas
Com pedaços de pessoas

Minha pele é pêlo e medo
De ser pele junto a outra
De ser pega de surpresa
Pelo frio, pelo beijo

Minha pele é pelo avesso
Pela noite não dormida
Pelo simples movimento
De teu corpo em despedida

Minha pele é toda ouvidos
E aroma e atrito
E amargo e vermelho
E promessa de alívio

Minha pele é tudo em volta
Do que penso, do que faço
É o mundo em poucas linhas
É o tempo condensado

Minha pele é meio sua:
É seus olhos quando vagos
É sua boca quando muda
É sua casa enquanto nua

domingo, 14 de março de 2010

RIZOMA

Quero a maior distância entre dois pontos;
Desligar as minhas partes;
Desfazer-me em meus passos;
Derramar-me em outros cantos;

Alcançar-me em outras pontas;
Amputar-me as coisas mortas –
Um abraço, um apreço, tantos anos

Desviar de tudo meu;
Despegar de todo eu;
Desdobrar-me em sentidos;

Ecoar por entre as frestas –
Reverbero do vazio;

Ser a tinta ainda úmida,
não a seca no poema,
nem a presa na caneta;

Conjugar-me no infinito;
Escrever na terceira margem;

(Ecoar por entre as frestas

Transformar-me em gravidade que não sabe a direção;
Tomar em cada rosa um aroma emprestado;
Deixar em cada espinho um pedaço de epiderme;

Esquecer-me do que sou, do que fui, do que

(Ecoar

Confundir-me com o tempo;
Compreender que não há mapa,
mas pedaços do possível;

E por fim não me caber numa folha de papel

domingo, 7 de março de 2010

POESIA SECRETA

Meus poemas são minhas chagas
(que as cultivo, as inflamo)
Desde sempre são as mesmas:
Todas feitas de memória;
Tão imunes a meu pranto

No pulsar intermitente
do sangrar já purulento,
eu confesso meus temores;
eu libero meus horrores –
meus horrores torno vossos.

Pois aos olhos reticentes
Toda mancha é promessa
De uma história em segredo

Mas segredos eu não conto.
Meus segredos eu secreto
Pelos poros, pelos pêlos,
Pelas frestas em meu corpo

domingo, 28 de fevereiro de 2010

UMA IDÉIA PODE SER TUDO

Uma idéia pode ser tudo:
uma pergunta, uma resposta;
uma canção, uma revolta;
uma cura, muitas mortes.
Não há nada mais fugaz.
(Não há nada mais tenaz.)

Uma idéia muda o mundo.
Muda quem somos, quem seríamos.
Faz de um verso um poema,
de uma carta um retorno,
de um beijo uma família.
Seu cantar não é impune.

Uma idéia salva o dia.
Traz o novo em velhas vestes;
traça o velho em outras cores.
Quando muito, dá errado
– que é o certo, um pouco além.

Uma idéia contagia.
E tem em si uma outra idéia
de tornar-se algo vivo.
Algo vive entre seus traços:
uma imagem, um sonido,
um desejo que não cessa de chamar.

Uma idéia nos define, nos faz humanos.
Nós humanos definhamos,
resvalados pelos anos.
As idéias, estas restam
intocáveis pelos cantos,
na memória, nos lugares,
em quase tudo que hesitamos.

Não há boa ou má idéia.
Há idéias simplesmente.
Nunca simples – é verdade
– quando deixam nossa mente,
quando se chamam realidade.

Uma idéia pode ser tudo,
e ainda quase nada:
tudo aquilo que sonhamos
ao correr de nossas vidas;
e, ao riscar de um poema,
nada além de algumas linhas.

sábado, 9 de janeiro de 2010



PELE MORTA

Prosa, poesia, vida minhas
(Tudo versejado em tortas linhas),
Seguem me espargindo pelos cantos;
Tecem numa trama os desencantos;
Somam-se de coisas bem mesquinhas

Restos dessas coisas, desses prantos
Soam nas esquinas dentre tantos
Prédios, avenidas, muros, bares,
Fartos dessas vidas angulares,
Seita, de outros deuses, outros santos

Sobre os seus ásperos altares
Curvo-me aspergindo meus pesares
(Sobras que se soltam vez em quando,
Seixos que se lançam sem comando,
Salto de sementes pelos ares).

Nuvem quase solta, vento brando;
Noites carcomidas, som nefando
Soa pelas bocas destes vermes
Tristes, mastigando em epidermes
Sonhos que se soltam, descascando.

Esses, que se tornam vossos germes
(Sonhos de que falo, não dos vermes),
Vedam vossos olhos com poeira,
Causam-vos torpor pela coceira,
Frustram vossos corpos já inermes.

Versos aparados pela beira,
Cílios exsicados na cegueira,
Silvos do silêncio na paisagem,
Mescla de cimento e de folhagem,
Crescem, dando o nome que se queira,

Formam esse musgo sem imagem,
Denso, esquivado na paragem;
Fosco pela luz que lhe aquece;
Sempre recolhido pela prece,
Misto de visão e camuflagem.

Prosa, poesia: minha messe –
–Tudo que descama e apodrece –
–Seca em minhas veias, aquieta.
Há de ser eu mesmo que a dejeta?
Ou ela que me deixa, me esquece?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010



ALTER EGO

Às vezes dá vontade de inventar um super-herói, um outro eu que vivesse a nossa vida (ou, pelo menos, alguns momentos): uma briga de que se foge, uma frase que não se diz, um alguém que deixamos ir.

Eu construo o meu com bastante zelo. Visto-lhe com umas roupas bem vistosas, uma capa esvoaçante, umas cores chamativas, uma máscara de sorriso que não cessa nunca.

E lhe dou super-poderes que gostaria fossem meus – a habilidade de dizer a coisa certa em cada situação; a capacidade de conquistar todos ao meu redor; de lhes dizer quem sou, o que sinto e o que penso sem qualquer temor; uma força sobre-humana para vencer meus próprios medos, para tornar-se tudo que eu mesmo sempre quis.

Estranho: meu super-herói imaginário sonha ser eu.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

TÍSICA

A vida minha, que seja
ao menos grito. Só.

Que a mim me basta o som
Do fôlego cessando,
Do trôpego caindo,
Dos ramos escorrendo,
(também do sol se pondo)
Por sobre meu jardim

Do surdo-quase-estrondo,
Efêmero, horrendo
Ranger do dia findo
- Calar dos sonhos brando

A minha, ao menos, vida
Eu deixo para os porcos

Que a mim me basta o sumo
Do soco revidado,
Do cuspe escurecido,
Da tosse quase muda -
Suor que veste tudo:
Vontades, medos, culpas.

A vida, ao menos minha,
Eu finjo que protejo;

Eu tinjo de vermelho
A cada madrugada
Na letra duma carta,
Num gole de cachaça,
Num gol que não se marca,
Num golpe entre tuas coxas,
Na pútrida golfada.

A vida,
menos vida,
menos minha,
Vai tecendo suas teias,
Vai deixando pelo meio
Saudades e sequóias,
Tumores e traquéias,
Estrofes já rendidas
Na tinta da caneta,
No pus de meus pulmões.

A vida minha eu quero
Que seja um grito só.

Que a mim não chega o som
Do tísico badalo,
Da lágrima secante,
Do fósforo que acende
A vela derradeira.

E em mim já não ressoam
O ronco de meu tórax,
As preces de outrora,
O timbre dessa lira
Que o ar saindo gera
Roçando nas ranhuras
Dum peito que se expurga.
Daqui a 25 anos, terei 57. Portanto, 25 anos para fazer a minha obra e encontrar o que procuro. Depois, a velhice e a morte. Sei qual é o mais importante para mim. E encontro, ainda, o meio de ceder às pequenas tentações, de perder tempo em conversas vãs ou passeios estéreis. Dominei duas ou três coisas em mim. Mas como estou longe dessa superioridade de que tanto necessito. (CAMUS, Diário de Viagem)


Não tenho 32 anos. (Ainda.) Mas, lendo Camus, sinto como se tivesse. Não é que eu me pense mais velho, ou mais novo, do que realmente sou, e sim como estivesse preste a começar algo que valerá por toda a minha vida. Algo absolutamente meu. O fato de não saber dizer exatamente o que (nem exatamente quando) apenas reforça essa sensação de “espera”, como um traço essencial, um estado do ser. Aos poucos, o amanhã vai se tornando um refúgio, um lugar seguro contra todos os medos, todas as culpas. Ali, todos os erros se justificam. Para lá, converge toda a minha existência. Aos poucos, eu me torno essa distância de mim mesmo, uma dúvida prolongada nos dias, meses, anos, um vazio sem forma definida.

Há uma cronologia interessante nas palavras de Camus: “Daqui a 25 anos terei 57”. Por volta dos 30 anos é bem a idade em que a maioria dos grandes românticos encontrou seu fim, de certa forma, deixou seu “casulo”. Para seus filhos, no século XX (que não morreram de tuberculose), restou, a partir daquela idade, um sentimento de incompletude, de algo por realizar, como se a verdadeira mudança estivesse por vir, a redenção final por si próprios. Restou a espera.

"Complexo de pupa" é uma sídrome que diagnostiquei em mim mesmo, há um bom tempo. Uma ânsia constante de ser um outro alguém; de alcançar outros limites; de reinventar-se a cada sol. Esse blog pretende ser parte dessa invenção.