quinta-feira, 1 de julho de 2010

EPITÁFIO No 1

Eu quis apenas tudo
E pude ainda nada
E fui uma quase falha
Perfeita em seu vazio

Eu soube a hora exata
Do início do fastio
E fiz de toda falta
Um germe do horizonte

Eu fui reconhecido
Em cada esquina podre
Com putas e mendigos
E amores travestidos

Eu coube em quatro linhas
De imagem desbotada
Em álbum empoeirado
Guardado a zero chave

Eu não deixei saudade:
Levei a cada canto
Promessa de retorno,
Ausência anunciada

Eu vi por toda parte
Pedaços de mim mesmo
Em olhos reticentes,
Em beijos nunca dados

Eu tive o mesmo sonho
Que tem qualquer semente -
De ser suave rosa
Tocando a tua face

E mesmo não sabia:
Que ao fim de cada dia
Fui tudo que podia
E nada que importasse