terça-feira, 23 de março de 2010

MINHA PELE

Minha pele é minha pauta
Onde inscrevo os meus poemas
Onde encravo as horas nuas
Onde a dor faz seu rascunho

Minha pele é minha fala
Que inventa dialetos
Que dispensa tradução
Mas entende a sua língua

Minha pele é minha farsa
Sob a qual está imerso
Estacado, quase inerte
Meu desejo de ser sangue

Minha pele é tantas rugas
Quantas foram as batalhas
Cada uma diz um pouco
(E esconde um tanto mais)

Minha pele é coisa densa
Incrustada com pecados
Com saudades, impurezas
Com pedaços de pessoas

Minha pele é pêlo e medo
De ser pele junto a outra
De ser pega de surpresa
Pelo frio, pelo beijo

Minha pele é pelo avesso
Pela noite não dormida
Pelo simples movimento
De teu corpo em despedida

Minha pele é toda ouvidos
E aroma e atrito
E amargo e vermelho
E promessa de alívio

Minha pele é tudo em volta
Do que penso, do que faço
É o mundo em poucas linhas
É o tempo condensado

Minha pele é meio sua:
É seus olhos quando vagos
É sua boca quando muda
É sua casa enquanto nua

5 comentários:

  1. sua pele tem poros de palavras líricas.
    muito lindo o poema.

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  2. Axei lindo teus poemas.
    Mt mesmo,vc tem talento.

    Criei uma comunidade para os Blogueiros de NATAL/RN e gostaria q vc participasse.

    http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=102641228

    :*

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  3. NOffa cara, que lindo, não sério MESMO.
    E eu não sou de elogiar.
    Adicionar o seu nos meus favoritos, to na comunidade do orkut ;)

    Beijo.

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